Existem estudantes e professores que tem acompanhado algumas movimentações que estão se dando no curso de Serviço Social. Queremos deixar mais claro o que está acontecendo e qual nosso posicionamento em relação aos conflitos.
O Centro Acadêmico de Serviço Social a partir de seus representantes foi ao colegiado discutir a possibilidade de que a disciplina Pesquisa III fosse ministrada em outro horário ou condensada em apenas um dia, pois boa parte da estudantada precisa trabalhar/estagiar e essa aula de manhã impossibilitaria a participação. Após isso nos afirmaram que dialogariam com a professora responsável e emitiriam uma resposta a nós.
Começou 2012 e para muitos estudantes, no ato da divulgação dos horários para matrículas, foi um início de ano com surpresas desagradáveis. O 6 período se viu com aulas pela manhã e tarde nos quatro dias da semana (além de pesquisa III está sócio-jurídico), com uma carga estafante e se perguntando “como pode”?
Muitos estudantes ficaram pasmos e somos tranqüilos em dizer que consideramos o horário abusivo por diversos motivos.
A primeira argumentação da qual dispomos, e mais importante, é que por mais que o curso de Serviço Social seja “diurno” (de acordo com a UFMA) não podemos fechar os olhos para a realidade sócio-econômica e perfil de quem compõe o curso e muito menos cercear o direito de jovens trabalhadoras o cursarem. Alegar que o curso é diurno e que você sabia disso quando fez vestibular, sabendo (e fazendo vista grossa) que a maioria de nossos jovens precisa se sustentar ou ajudar em casa, é no mínimo uma contradição de discurso muito grande.
Sabemos que o curso é diurno sim, de acordo com resolução CONSEPE, mas também sabemos que uma organização de horários em que os estudantes sejam melhor contemplados de acordo com sua realidade evita essa contradição pedagógica que está colocada. Também sabemos que nossas professoras são de dedicação exclusiva e que tem na ponta da língua o projeto ético-político e código de ética da profissão. E uma vez que sabemos que o COMPROMISSO de nossas professoras é com seus alunos (muito mais do que com a instituição), queremos dizer que não compreendemos o por que da inflexibilidade com relação aos horários. Além de tornar pública a nossa indignação e decepção.
Aprendemos em diversas vivências a partir do curso de Serviço Social a compreender os fenômenos que nos são colados para além da aparência e diante disso queremos fazer uma reflexão sobre “OS FATORIAIS” tão marginalizados pelo sentimento academicista de muitos. Vos pergunto: se muitos estudantes fatoriais o são por não poder fazer disciplinas pela manhã por conta de seu trabalho, estágio, grupo de estudos e etc, a culpa é deles? Como poderíamos solucionar isso? Quais medidas poderiam ser tomadas para garantirmos que todos possam cursar as disciplinas e terminar o curso em tempo hábil?
Queremos bater mais nessa tecla. Se o estudante precisa trabalhar terá que escolher entre o sustento (que financia suas Xerox, passagens, restaurante universitário e etc) ou o curso? Acreditamos que a partir do bom senso e diálogo entre docentes e discentes chegaremos a conclusão que não.
Outro argumento do qual dispomos diz respeito à formação profissional em Serviço Social. Está claro que um horário como o que está proposto para o 6 período prejudicará de forma irremediável a apreensão das aulas. Nós que já vivenciamos horários em que haviam aulas pela manhã e tarde sabemos o quão improdutivos eles se tornam. Nossas professoras já cansaram de ver em nossas faces o cansaço e isso não é novidade para ninguém. Além disso não sobraria tempo algum pra ler os textos propostos pelas 8 disciplinas, com um horário como o proposto pela Coordenação do curso.
Muito nos preocupa o reflexo que a manutenção de um horário como este causará na formação e na prática profissional lá na frente. Por qual tipo de formação estamos primando? E apesar de muitos não irem para estágio ou (por benção ou milagre) conseguirem dar conta das 8 disciplinas de manhã e tarde sem ter que priorizar umas em detrimento de outras, entendemos que o sentimento de coletividade se faz presente em nossas reivindicações. Defendemos um horário mais humano, para não dizer um horário socialmente referenciado condizente com o que ouvimos tanto em sala de aula.
Nossa proposta foi elaborada pelo conjunto de estudantes de Seso e esperamos que seja acolhida fraternalmente pelo DESES e pela Coordenação. As reclamações quanto aos horários pela manhã não se dão de hoje, mas desde quando os mesmos começaram a ser implementados. Reivindicamos a mudança do horário, mas principalmente que sejam tomadas medidas profundas para a solução d estes problemas, sérios.
Esta luta é por respeito e não é apenas de um período, é de tod@s nós.
Há braços na luta.